Qual seminarista ou padre nunca sonhou um dia chegar perto ou ver o Papa? Isso, o padre acariense Flávio Medeiros já perdeu as contas de quantas vezes auxiliou Bento XVI em cerimônias na basílica de São Pedro, maior templo religioso da Igreja Católica.
Em entrevista ao Panorama Seridó, programa que apresentamos diariamente na Rádio Caicó AM, padre Flávio contou como foi deixar a paróquia de Nossa Senhora da Guia em Acari e tornar-se um Cerimoniário da basílica. Na entrevista, se enche de orgulho ao dizer que foi graças ao conterrâneo, arcebispo Dom Heitor de Araújo Sales que chegou ao Vaticano para terminar seus estudos ainda no ano 2000 como seminarista, e se ordenar padre, e não escondeu a alegria de estar a frente da concorrida função religiosa. “Nesta que é a máxima do templo do Cristianismo, o lugar onde se encontra o tumulo do apostolo Pedro, um lugar muito singular pela presença constante de peregrinos que chegam a Roma e precisam da assistência dos sacramentos e das celebrações litúrgicas que são uma marca registrada da vida do sucessor de Pedro”, explicou.
Padre Flávio Medeiros tem um dia bastante corrido. Quando não está na assistência litúrgica e celebrativa da Basílica de São Pedro, já que o Papa não está constantemente na Basílica, a não ser em ocasiões maiores, desempenha sua outra missão que é de animação e formação de jovens seminaristas que se preparam para o sacerdócio, desde o Seminário Menor para o serviço litúrgico da Basílica.
Encontros com Bento XVI
“Não era algo constante, que acontecia todos os dias, mas algumas vezes nos encontramos no Natal, na ocasião da festa de São Pedro e Paulo ou em outras ocasiões tivemos com ele, beijamos sua mão e pedimos sua benção”, disse o acariense.
Os encontros do padre Flávio Medeiros com o papa Bento XVI aconteciam mais durante celebrações na Basílica de São Pedro. “Todas as liturgias da Semana Santa na Basílica eram presididas pelo Santo Padre e eu participei de todas elas, das canonizações, das beatificações, dos funerais de cardeais, os batizados e assim por diante”, conta.
Renúncia de Bento XVI
Na entrevista, padre Flávio conta que soube da renúncia do papa Bento XVI quando se preparava para subir no altar lateral da Basílica de São Pedro. Foi um empregado da basílica quem lhe trouxe a notícia. “Eu até brinquei com ele dizendo que isso não era possível e seria uma brincadeira do jornalista. Daí sai pra celebrar a missa e conclui a celebração sem nenhum pensamento sobre o assunto, já que achava ser impossível acontecer. Mas, quando voltei para a sacristia tudo já estava consumado e não tinha mais retorno. Foi muito doloroso, mas ao mesmo tempo animado por uma grande esperança que nos via das palavras do próprio Papa e passamos a olhar pela ótica da fé para vivermos e atravessarmos com serenidade esse momento em que estamos vivendo”, destacou.
Mesmo jamais imaginando que Bento XVI renunciasse ao papado, a fragilidade de sua saúde não era nenhuma surpresa para quem estava ao seu redor, inclusive o padre Flávio Medeiros. Todos notavam que o começo da decadência pela velhice estava afetando o trabalho pastoral do Santo Padre. “Os ritos eram mais abreviados, ela não incensava completamente o altar, até durante os cânticos ele preferia ficar sentados e nós notávamos, num ou outro comentário que o Santo Padre estava parecendo cansado, talvez não somente pela sua idade, mas pelas preocupações”, explicou Flávio.
Conclave
O fato de morar ao lado da residência onde estão os cardeais que participarão do Conclave para a escolha do novo Papa, permite ao padre Flávio Medeiros acompanhar toda a movimentação dos “eleitores” até a Capela Sistina, onde se realiza o consistório. Mesmo com tanto privilégio assim, se aproximar de um cardeal neste período é uma missão impossível, até para quem tem acesso livre nos corredores do Vaticano.
“A minha residência é ao lado de onde estarão hospedados os cardeais e é inevitável que não vejamos todo o movimento, as transferências para a Capela Sistina, mas ninguém está autorizado a aproximar-se dos cardeais do momento em que o consistório oficialmente começar. Todos deveremos respeitar com o máximo de prudência e nenhum cardeal terá aproximação das pessoas externas e as transferências deles da residência para a Capela Sistina será sempre acompanhado pelos automóveis que os conduzirão”, diz Padre Flávio.
Sua expectativa com relação ao inicio do conclave não é diferente da maioria dos católicos espalhados pelo Mundo. As congregações gerais tiveram inicio nesta segunda-feira (04), mas quando o conclave irá de fato ser iniciado, só os cardeais é quem decidirão nas próximas horas. Flávio Medeiros conta as horas para o anúncio do novo sucesso de Pedro. “Alguns esperam que seja daqui a uma semana, outros menos. Os escrutínios serão feitos e à medida que forem feitos, quando atingirem os dois terços dos cardeais eleitores, com o queimar das cédulas eleitorais teremos a fumaça branca”, finalizou.
(Reportagem de Marcos Dantas / Via Eduardo Silva)
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